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28/12/2020

Neste Natal, consumidor prefere pagar dívida em vez de consumir

Endividamento das famílias é o maior desde 2005. Comércio vai ficar com 30,2% da 2ª parcela do 13º salário, da ordem de R$ 94 bilhões, de acordo com a CNC

A segunda parcela do 13º salário colocou nas mãos dos trabalhadores brasileiros cerca de R$ 94 bilhões neste mês.

A pergunta de comerciantes e prestadores de serviços é uma só: o consumidor vai gastar todo este dinheiro no final de ano?

De acordo com levantamento feito pela CNC (Confederação Nacional do Comércio), a maior parte deste valor, ou 30,3%, vai ser usada para pagamento de dívidas.

Os gastos no comércio ficam com a fatia de 30,2% e em serviços, com 29,4%. Cerca de 10% do montante vão para a poupança ou gastos futuros.

Na mesma pesquisa feita no ano passado, o comércio ficou com a maior participação (30,8%), seguido de serviços (28,8%), dívidas (25%) e poupança (15,4%).

“O consumidor vai usar mais o dinheiro para pagar dívidas simplesmente porque ele está mais endividado neste ano”, afirma Fábio Bentes, economista da CNC.

O comprometimento do orçamento das famílias brasileiras com dívidas (em atraso ou não) era da ordem de 44% em outubro, de acordo com dados do Banco Central.

Este percentual é o maior da serie histórica do BC, iniciada em 2005. Em outubro de 2019, este percentual era de 40%.

“A consequência é que o comércio, além de sofrer com os efeitos da pandemia, será penalizado neste final de ano com o maior endividamento das famílias”, diz.

É fato também, de acordo com Bentes, que este endividamento se deve à antecipação de gastos dos consumidores, como compras feitas durante a Black Friday.

 

AUXÍLIO EMERGENCIAL

A situação dos lojistas neste ano seria ainda pior, se o governo não tivesse liberado o auxílio emergencial para as famílias mais carentes.

Apesar da crise que o país enfrenta, a massa real de rendimento dos trabalhadores brasileiros deve subir 0,8% neste ano em relação ao ano passado.

Deve passar de uma média de R$ 229 bilhões por mês para R$ 230,9 bilhões por mês.

Sem o auxílio, a massa real de rendimento cairia 7%, para R$ 213 bilhões por mês, em 2020.

Os cálculos são de Fabio Silveira, sócio-diretor da MacroSector Consultores.

Neste mês, R$ 20 bilhões irão para as mãos dos consumidores, somente com o auxílio emergencial.

“Sem o auxílio emergencial, os índices de endividamento e de inadimplência dos consumidores seriam muito maiores”, afirma Silveira.

Os programas de transferência de renda, diz ele, são fundamentais em momentos de crise, até para reduzir o risco de uma convulsão social.

O pior é que o mês de janeiro, que é um dos mais fracos para o comércio, não deve registrar recuperação, de acordo com lojistas.

A expectativa de médicos e cientistas é que os números da doença serão ainda piores por conta das aglomerações realizadas nas festas deste final de ano.

“O divisor de águas para o comércio vai ser a vacina. É o que fará o comércio andar”, diz Tranquez. 

Fonte: https://dcomercio.com.br/